quinta-feira, 29 de maio de 2014

Salvação pelas Obras

Igualmente deletéria para o bem-estar espiritual da Igreja era a doutrina da salvação pelas obras, que gradualmente permeou a teologia popular. Cristãos de origem judaica eram particularmente sujeitos a este erro, como depreendemos de uma leitura da carta aos gálatas. O evangelho, em vez de ser as boas novas do perdão dos pecados pela fé em Cristo, pouco a pouco passou a ser considerado uma nova “lei”. Outrossim, a natureza da sociedade romana, com sua longa tradição de governo, pela lei tomava os adeptos da fé cristã suscetíveis à tendência legalista. O orgulho natural do homem exige que ele opere sua própria salvação para que tenha de que se vangloriar. Fazer nossa esperança de salvação depender inteiramente da graça divina, contraria o sentimento de estima própria arraigado em cada coração. À base de toda concepção pagã de salvação jazem obras meritórias. Como resultado o batismo, participação na Ceia do Senhor, e até martírio passavam a ser interpretados como “obras”. A estes foram acrescentados, no curso dos anos, jejuns, celibato, atos de penitência, peregrinações, flagelação, construção de igrejas, e, eventualmente, participação nas cruzadas contra os sarracenos, turcos e hereges. Agostinho está quase que só entre os escritores patrísticos em sua insistência sobre a doutrina de salvação pela graça.

No clima dominante de salvação pelas obras, a razão para a morte de Cristo sobre a cruz, que era intuitiva aos cristãos primitivos, tornou-se um tropeço ao pensador medieval. Tanto assim que o desafio foi aceito pelos escolásticos, tais como Anselmo, que escreveu uma obra Cur Deus Homo, “Por que o Homem-Deus”, na qual ele tenta justificar a encarnação e paixão de Cristo. Que esta verdade axiomática do cristianismo precisasse agora ter uma explicação racional, mostra que ela havia perdido seu significado existencial para o homem comum.

Um erro leva inevitavelmente a outro. Dia chegaria em que a noção de que os santos praticaram maior número de boas obras do que exigido pela “lei” obteria aceitação nos meios teológicos. Essas obras super-rogatórias dos santos vieram a constituir um tesouro de méritos que a Igreja podia pôr a disposição de pecadores necessitados. Disto, à noção de indulgências, era apenas um passo. Concedidas no começo como recompensa por serviços prestados à Igreja ou por atos de penitência praticados, gradualmente estes serviços foram substituídos por pagamentos monetários, e finalmente pelos abusos escandalosos da venda de indulgências, denunciados por Wiclef e reformadores subsequentes. De início as indulgências visavam apenas à remissão de penas temporais impostas pelo confessor; mas acabaram sendo interpretadas como remissão também de penas a serem sofridas no pugatório. Na pregação de uma das cruzadas, o papa promete efetivamente: “a retribuição dos justos e aumento de salvação eterna” em troca de dinheiro para financiar a guerra santa.

Outro produto da concepção errônea de salvação pelas obras, foi o sacramentalismo, isto é, a crença em que o batismo, bem como o sacramento da eucaristia, como a Ceia do Senhor veio a ser chamada, tinha efeito quase mágico sobre o recipiente, garantindo sua salvação. Independentemente do caráter do ministrante, ou da fé do recipiente, cria-se que o sacramento tinha eficácia para o fim proposto, ex opere operato, isto é, automaticamente. A transformação do ofício de ancião ou guia espiritual no de sacerdote acarretava a noção de que o sacerdote devia oferecer sacrifícios a exemplo dos sacerdotes israelitas e pagãos. Que mais natural do que interpretar a comunhão do pão e do vinho, que originalmente comemorava “a morte do Senhor, até que Ele venha”, como o sacrifício perpétuo e incruento da missa? Mas um pouco de reflexão teria mostrado que a noção de um sacrifício perpétuo chocava-se com a doutrina do Novo Testamento de que o sacrifício de Cristo só podia ocorrer uma vez para sempre.

Inexoravelmente, todo plano de salvação pelas obras apenas contribuía para perpetuar a servidão humana. O fardo do legalismo, do qual Cristo veio libertar o homem, foi de novo atado às costas do crente na Idade Média. Como regra, as massas que adoravam nas belas catedrais da Europa jamais experimentaram plenamente a liberdade conferida por Cristo e que faz os homens verdadeiramente livres. As catedrais góticas, com suas espirais apontando para o céu, erigidas com o trabalho de amor de muitas gerações, permanecem como símbolos da aspiração do homem a algo que escapava a seu alcance. Salvação como recompensa de obras meritórias sempre permanece além do alcance humano.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Como Cristo pode ser “o primogênito de toda a criação” (Cl 1:15) sem ter sido criado?

Ao longo da história do cristianismo, houve muita discussão a respeito do significado do termo “primogênito” (grego protótokos) quando usado em relação a Cristo. No Novo Testamento, Cristo é chamado de “o Primogênito” (Hb 1:6), “o primogênito de toda a criação” (Cl 1:15), “o Primogênito dos mortos” (Ap 1:5), “o primogênito de entre os mortos” (Cl 1:18) e “o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8:29).
 
Para entender essa questão, é importante ter em mente que, entre os israelitas, todo o primogênito deveria ser consagrado ao Senhor (Êx 13:1-16; ver Lc 2:22-24), recebendo herança “dobrada” em relação aos demais irmãos (Dt 21:15-17). Embora o termo “primogênito” seja normalmente usado para designar o primeiro filho de um casal, ele é também empregado na Bíblia em relação a um dos demais filhos, que não o mais velho, mas que tenha se destacado entre os seus irmãos. É neste sentido que Deus qualificou a Israel, que não era a nação mais antiga da terra, de “meu primogênito” (Êx 4:22); a Efraim, o segundo filho de José e Azenate, de “o meu primogênito” (Jr 31:9); e a Davi, o mais novo dos oito filhos de Jessé, de “meu primogênito, o mais elevado entre os reis da terra” (Sl 89:27).

Cristo é qualificado de “o primogênito de toda a criação” (Cl 1:15) em um contexto que O enaltece como o Criador que está acima de toda a criação. Em Colossenses 1:15-17, Paulo afirma que Cristo “é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois nEle foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dEle e para Ele. Ele é antes de todas as coisas. NEle tudo subsiste.”

Se o próprio Cristo fosse uma criatura do Pai, como alegam alguns pretensos cristãos, como poderia o texto acima afirmar que “tudo” o que foi criado foi “por meio dEle” criado? Se Cristo houvesse sido gerado em algum momento da eternidade, como poderia ser chamado em Isaías 9:6 de “Deus Forte” e “Pai da Eternidade”? Nesse caso, Ele não seria “Pai da Eternidade”, mas simplesmente uma criatura que veio à existência em algum momento específico da eternidade! Cremos, porém, que como “o primogênito de toda a criação” Cristo é o Soberano absoluto sobre toda a criação, pois “nEle habita corporalmente toda a plenitude da Divindade” (Cl 2:9).

quarta-feira, 21 de maio de 2014

A Lei e o Evangelho

Quando os judeus rejeitaram a Cristo, rejeitaram a base de sua fé. E, por outro lado, o mundo cristão de hoje, que tem a pretensão de ter a fé em Cristo, mas rejeita a Lei de Deus, comete um erro semelhante ao dos iludidos judeus. Os que professam apegar-se a Cristo, polarizando nEle as suas esperanças, ao mesmo tempo que desprezam a Lei Moral e as profecias, não estão em posição mais segura do que os judeus descrentes. Não podem chamar inteligentemente os pecadores ao arrependimento, pois são incapazes de explicar devidamente o de que se devem arrepender. O pecador, ao ser exortado a abandonar seus pecados, tem o direito de perguntar: Que é pecado? Os que respeitam a Lei de Deus podem responder: “Pecado é a transgressão da Lei.” (I João 3:4). Em confirmação disto o apóstolo Paulo diz: “… eu não conheceria o pecado, não fosse a Lei.” (Romanos 7:7)

Unicamente os que reconhecem a vigência da Lei Moral podem explicar a natureza da expiação. Cristo veio para servir de mediador entre Deus e o homem, para unir o homem a Deus, levando-o à obediência a Sua Lei. Não havia e não há na Lei, poder para perdoar o transgressor. Jesus, tão-só, podia pagar a dívida do pecador. Mas o fato de que Jesus pagou a dívida do pecador arrependido não lhe dá licença para continuar na transgressão da Lei de Deus; deve ele, daí por diante, viver em obediência a essa Lei.

A Lei de Deus existia antes da criação do homem, ou do contrário Adão não podia ter pecado. Depois da transgressão de Adão não foram mudados os princípios da Lei, mas foram definitivamente dispostos e expressos de modo a adaptar-se ao homem em seus estado decaído. Cristo, em conselho com o Pai, instituiu o sistema de ofertas sacrificais; de modo que a morte, em vez de sobrevir imediatamente ao transgressor, fosse transferida para uma vítima que devia prefigurar a grande e perfeita oferenda do Filho de Deus.

Os pecados do povo foram em figura transferidos para o sacerdote oficiante, que era um mediador para o povo. O sacerdote não podia ele mesmo tornar-se oferta pelo pecado e com sua vida fazer expiação, pois era também pecador. Por isso, em vez de sofrer ele mesmo a morte, sacrificava um cordeiro sem mácula; a pena do pecado era transferida para o inocente animal, que assim se tornava seu substituto imediato, simbolizando a perfeita oferta de Jesus Cristo. Através do sangue dessa vítima o homem, pela fé, contemplava o sangue de Cristo, que serviria de expiação aos pecados do mundo.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Olhos para o alto

Sente que há algo faltando na vida? De repente uma decisão que foi tomada errada, escolhas que não foram as mais bem sucedidas... Não estou falando necessariamente sobre ir para o mau caminho, tipo festas, bebidas, drogas, prostituição - ok, tudo isso é fruto de más escolhas e também de companhias erradas - mas não é sobre isso que quero detalhar.
 
Como jovens, batalhamos mais que os demais pra conseguir conquistar um sonho, muitos sonhos, estabilidade, casamento, formar família etc. Quando paramos pra fazer tudo do jeito certo e na contramão do mundo, parece que muitas vezes a vida não está "andando", que a gente está vivendo uma rotina chata de ter que ralar e ralar muito pra conseguir chegar lá... É aí que está o ponto que quero mostrar. Dependendo de como reagimos diante das dificuldades, nossa vida vai caminhar ou para frente ou para trás. Se a gente desanimar e ficar pensando que não teve ou não tem condições pra isso ou aquilo, que 'fulano teve mais oportunidades que eu', que isso é impossível de conseguir, não vamos avançar a lugar algum.

Não importa se você não teve as melhores oportunidades de estudo, se o seu atual emprego paga mal e não é o seu sonho... Se você ainda não casou e está ficando pra titia, ou se já está na hora de formar uma família, mas ainda não encontrou ninguém. Essa palavra é pra você! Saiba que o nosso Deus, antes que você nascesse já sabia cada capítulo de cada dia da sua vida! E saiba que, se você ainda está acordando e respirando, isso é um sinal de que Deus está te dando uma nova oportunidade a cada dia de vencer! Por isso, não se preocupe com as coisas dessa vida porque o Senhor sabe de todos os detalhes sem que você perceba nada agora. Apenas continue lutando para vencer, pedindo a Deus que te revele novos sonhos e maneiras de concretizá-los. Não dê desculpas para as adversidades! Elas existem porque Deus sabe que devemos passar por elas para que estejamos mais preparados para quando a vitória chegar. Lembre-se desse versículo e tenha um novo recomeço em sua vida a partir de agora!

"Até os jovens se cansam e ficam exaustos, e os moços tropeçam e caem; mas aqueles que esperam no renovam as suas forças. Voam alto como águias; correm e não ficam exaustos, andam e não se cansam." (Isaías 40:30, 31 NVI)


Olhos para o alto