A relação do mundo visível com o
invisível, o ministério dos anjos de Deus, a operação dos espíritos
maus, acham-se claramente revelados nas Escrituras, e inseparavelmente
entretecidos com a história humana.
Antes da criação do homem, existiam
anjos; pois, quando os fundamentos da Terra foram lançados, “as estrelas
da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus
rejubilavam”. Jó 38:7. … Os anjos são, em sua natureza, superiores aos
homens. O salmista diz acerca do homem: “Pouco menor o fizeste do que os
anjos e de glória e de honra o coroaste.” Salmos 8:5.
O número e poder dos anjos
Estamos informados pelas Escrituras
quanto ao número, poder e glória dos seres celestiais, sua relação com o
governo de Deus e também com a obra da redenção. “O Senhor tem
estabelecido o Seu trono nos Céus, e o Seu reino domina sobre tudo.”
Salmos 103:19. E diz o profeta: “Ouvi a voz de muitos anjos ao redor do
trono.” Apocalipse 5:11. No salão de recepção do Rei dos reis, assistem
eles — como “anjos Seus, magníficos em poder… ministros Seus, que
executais o Seu beneplácito”, “obedecendo à voz da Sua palavra”. Salmos
103:20, 21.
Milhares de milhares e milhões de milhões
eram os mensageiros celestiais vistos pelo profeta Daniel. O apóstolo
Paulo declarou serem “muitos milhares”. Hebreus 12:22. Como mensageiros
de Deus, saem “à semelhança dos relâmpagos” (Ezequiel 1:14), tão
deslumbrante é sua glória e tão rápido o seu vôo. O anjo que apareceu no
túmulo do Salvador, e tinha o rosto “como um relâmpago, e a sua veste
branca como a neve”, fez com que os guardas por medo dele tremessem, e
ficassem “como mortos”. Mateus 28:3, 4.
Quando Senaqueribe, o altivo assírio,
injuriou a Deus e dEle blasfemou, ameaçando Israel de destruição,
“sucedeu, pois, que naquela mesma noite, saiu o anjo do Senhor e feriu
no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil deles”. 2 Reis
19:35. Ali foram destruídos “todos os varões valentes, e os príncipes, e
os chefes”, do exército de Senaqueribe. “E este tornou com vergonha de
rosto à sua terra.” 2 Crônicas 32:21.
Os anjos auxiliam os filhos de Deus
Os anjos são enviados em missões de
misericórdia aos filhos de Deus. A Abraão, com promessas de bênçãos; às
portas de Sodoma, para livrar o justo Ló da condenação do fogo; a Elias,
quando se achava a ponto de perecer de cansaço e fome no deserto; a
Eliseu, com carros e cavalos de fogo, cercando a pequena cidade em que
estava encerrado por seus adversários; a Daniel, enquanto buscava
sabedoria divina na corte de um rei pagão, ou abandonado para tornar-se
presa dos leões; a Pedro, condenado à morte no calabouço de Herodes; aos
prisioneiros em Filipos; a Paulo e seus companheiros na noite da
tempestade no mar; ao abrir a mente de Cornélio para receber o
evangelho; ao enviar Pedro com a mensagem da salvação ao desconhecido
gentio — assim, em todos os tempos, têm os santos anjos ministrado ao
povo de Deus.
Assim, ao povo de Deus, exposto ao poder
enganador e vigilante malignidade do príncipe das trevas, e em conflito
com todas as forças do mal, é assegurada a incessante guarda dos seres
celestiais. Tampouco é tal segurança dada sem necessidade. Se Deus
concedeu a Seus filhos promessas de graça e proteção, é porque há
poderosos agentes do mal a serem enfrentados — agentes numerosos,
decididos e incansáveis, de cuja malignidade e poder ninguém pode sem
perigo achar-se em ignorância ou inadvertência.
Satanás e os anjos maus
Os espíritos maus, criados a princípio
sem pecado, eram iguais, em sua natureza, poder e glória, aos seres
santos que ora são os mensageiros de Deus. Mas, caídos pelo pecado,
acham-se coligados para a desonra de Deus e destruição dos homens.
Unidos com Satanás em sua rebelião, e com ele expulsos do Céu, têm,
através de todas as eras que se sucederam, cooperado com ele em sua luta
contra a autoridade divina. Somos informados, nas Escrituras, acerca de
sua confederação e governo, suas várias ordens, inteligência e astúcia,
e de seus maus intuitos contra a paz e felicidade dos homens.
Ninguém se acha em maior perigo da
influência dos espíritos maus do que aqueles que, apesar dos testemunhos
diretos e amplos das Escrituras, negam a existência e operação do diabo
e seus anjos. Enquanto estivermos em ignorância no que respeita a seus
ardis, têm eles vantagem quase inconcebível; muitos dão atenção às suas
sugestões, supondo, entretanto, estar seguindo os ditames de sua própria
sabedoria. É por isto que, aproximando-nos do final do tempo, quando
Satanás deverá trabalhar com o máximo poder para enganar e destruir,
espalha ele por toda parte a crença de que não existe. É sua política
ocultar-se a si mesmo e agir às escondidas.
É porque se mascarou com consumada
habilidade, que tão amplamente se faz a pergunta: “Existe realmente tal
ser?” Evidencia-se o seu êxito na geral aceitação que obtêm no mundo
religioso teorias que negam os testemunhos mais positivos das
Escrituras. E é porque Satanás pode muito facilmente dirigir o espírito
dos que se acham inconscientes de sua influência, que a Palavra de Deus
nos dá tantos exemplos de sua obra maligna, descobrindo aos nossos olhos
suas forças secretas, e desta maneira pondo-nos de sobreaviso contra
seus assaltos.
Os seguidores de Cristo acham-se seguros
O poder e malignidade de Satanás e seu
exército deveriam com razão alarmar-nos, não fosse o caso de podermos
encontrar refúgio e livramento no superior poder de nosso Redentor.
Pomos cuidadosamente em segurança as nossas casas por meio de ferrolhos e
fechaduras, a fim de proteger contra homens maus nossa propriedade e
vida; mas raras vezes pensamos nos anjos maus, que constantemente estão a
procurar acesso a nós, e contra cujos ataques não temos em nossa
própria força método algum de defesa. Se lhes permitirmos, podem
transformar-nos o entendimento, perturbar e atormentar-nos o corpo,
destruir nossas propriedades e vida. Seu único deleite está na miséria e
ruína.
Terrível é a condição dos que resistem às
reivindicações divinas, cedendo às tentações de Satanás, até que Deus
os abandone ao governo dos espíritos maus. Mas os que seguem a Cristo
estão sempre seguros sob Sua proteção. Anjos magníficos em poder são
enviados do Céu para protegê-los. O maligno não pode romper a guarda que
Deus pôs em redor de Seu povo.
Fonte: Livro Ellen G.White, A Verdade sobre os Anjos, Capítulo 1
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